quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A EXECUTIVA BEM SUCEDIDA


Enviada (faz tempo) pela Liliana Junger


Foi tudo muito rápido. A executiva bem-sucedida sentiu uma pontada no peito, vacilou, cambaleou. Deu um gemido e apagou. Quando voltou a abrir os olhos, viu-se diante de um imenso Portal..

Ainda meio zonza, atravessou-o e viu uma miríade de pessoas.Todas vestindo cândidos camisolões e caminhando despreocupadas. Sem entender bem o que estava acontecendo, a executiva bem-sucedida abordou um dos passantes:

- Enfermeiro, eu preciso voltar urgente para o meu escritório, porque tenho um meeting importantíssimo. Aliás, acho que fui trazida para cá por engano, porque meu convênio médico é classe A, e isto aqui está me parecendo mais um pronto-socorro. Onde é que nós estamos?
- No céu.
- No céu?...
- É.
- Tipo assim... o céu, CÉU...! Aquele com querubins voando e coisas do gênero?
- Certamente. Aqui todos vivemos em estado de gozo permanente.
Apesar das óbvias evidências nenhuma poluição, todo mundo sorrindo, ninguém usando telefone celular, a executiva bem-sucedida custou um pouco a admitir que havia mesmo apitado na curva.

Tentou então o plano B: convencer o interlocutor, por meio das infalíveis técnicas avançadas de negociação, de que aquela situação era inaceitável. Porque, ponderou, dali a uma semana ela iria receber o bônus anual, além de estar fortemente cotada para assumir a posição de presidente do conselho de administração da empresa.

E foi aí que o interlocutor sugeriu:
- Talvez seja melhor você conversar com Pedro, o síndico.
- É? E como é que eu marco uma audiência? Ele tem secretária?
- Não, não. Basta estalar os dedos e ele aparece.
- Assim? (....)
- Pois não?

A executiva bem-sucedida quase desaba da nuvem. À sua frente, imponente, segurando uma chave que mais parecia um martelo, estava o próprio Pedro.

Mas, a executiva havia feito um curso intensivo de approach para situações inesperadas e reagiu rapidinho:

- Bom dia. Muito prazer. Belas sandálias. Eu sou uma executiva bem-sucedida e....
- Executiva... Que palavra estranha.. De que século você veio?
- Do 21. O distinto vai me dizer que não conhece o termo 'executiva'?
- Já ouvi falar. Mas não é do meu tempo.

Foi então que a executiva bem-sucedida teve um insight. A máxima autoridade ali no paraíso aparentava ser um zero à esquerda em modernas técnicas de gestão empresarial. Logo, com seu brilhante currículo tecnocrático, a executiva poderia rapidamente assumir uma posição hierárquica, por assim dizer, celestial ali na organização.

- Sabe, meu caro Pedro. Se você me permite, eu gostaria de lhe fazer uma proposta. Basta olhar para esse povo todo aí, só batendo papo e andando a toa, para perceber que aqui no Paraíso há enormes oportunidades para dar um upgrade na produtividade sistêmica.

- É mesmo?

- Pode acreditar, porque tenho PHD em reengenharia. Por exemplo, não vejo ninguém usando crachá. Como é que a gente sabe quem é quem aqui, e quem faz o quê?

- Ah, não sabemos.
- Entendeu o meu ponto? Sem controle, há dispersão. E dispersão gera desmotivação. Com o tempo isto aqui vai acabar virando uma anarquia. Mas nós dois podemos consertar tudo isso rapidinho implementando um simples programa de targets individuais e avaliação de performance.

- Que interessante. ...

- É claro que, antes de tudo, precisaríamos de uma hierarquização e um organograma funcional, nada que dinâmicas de grupo e avaliações de perfis psicológicos não consigam resolver.

- !!!...???... !!!....??? ....!!!

- Aí, contrataríamos uma consultoria especializada para nos ajudar a definir as estratégias operacionais e estabeleceríamos algumas metas factíveis de leverage, maximizando, dessa forma, o retorno do investimento do Grande Acionista... Ele existe, certo?

- Sobre todas as coisas.

- Ótimo. O passo seguinte seria partir para um downsizing progressivo, encontrar sinergias high-tech, redigir manuais de procedimento, definir o marketing mix e investir no desenvolvimento de produtos alternativos de alto valor agregado. O mercado telestérico, por exemplo, me parece extremamente atrativo.

- Incrível!

- É óbvio que, para conseguir tudo isso, nós dois teremos que nomear um board de altíssimo nível. Com um pacote de remuneração atraente, é claro. Coisa assim de salário de seis dígitos e todos os fringe benefits e mordomias de praxe. Porque, agora falando de colega para colega, tenho certeza de que você vai concordar comigo, Pedro. O desafio que temos pela frente vai resultar em um Turnaround radical.

- Impressionante!

- Isso significa que podemos partir para a implementação?

- Não. Significa que você terá um futuro brilhante... se for trabalhar com o nosso concorrente. Porque você acaba de descrever, exatamente, como funciona o Inferno...

Max Gehringer (Revista Exame)

sábado, 24 de novembro de 2012

As Duas Pulgas (by Max Gehringer)


Enviado pela Fernanda Flávia

Duas pulgas diretoras estavam conversando e então uma comentou com a outra:
- Sabe qual é o nosso problema? Nós não voamos, só sabemos saltar. Daí nossa chance de sobrevivência quando somos percebidas pelo cachorro é zero.
É por isso que existem muito mais moscas do que pulgas.

Elas então decidiram contratar uma mosca para treinar todas as pulgas a voar e entraram num programa de treinamento de vôo e saíram voando. Passado algum tempo, a primeira pulga falou para a outra:
- Quer saber? Voar não é o suficiente, porque ficamos grudadas ao corpo do cachorro e nosso tempo de reação é bem menor do que a velocidade da coçada dele.
Temos de aprender a fazer como as abelhas, que sugam o néctar e levantam vôo rapidamente.

Elas então contrataram uma abelha para lhes ensinar a técnica do chega-suga-voa.
Funcionou, mas não resolveu. A primeira pulga explicou por quê:
- Nossa bolsa para armazenar sangue é pequena, por isso temos de ficar muito tempo sugando. Escapar, a gente até escapa, mas não estamos nos alimentando direito.

Temos de aprender como os pernilongos fazem para se alimentar com aquela rapidez.
E então um pernilongo lhes prestou treinamento para incrementar o tamanho do abdômen. Resolvido, mas por poucos minutos. Como tinham ficado maiores, a aproximação delas era facilmente percebida pelo cachorro, e elas eram espantadas antes mesmo de pousar.

Foi aí que encontraram uma saltitante pulguinha, que lhes perguntou:
- Ué, vocês estão enormes! Fizeram plásticas?
- Não, entramos num longo programa de treinamento. Agora somos pulgas adaptadas aos desafios do século XXI. Voamos, picamos e podemos armazenar mais alimento.
- E por que é que estão com cara de famintas?
- Isso é temporário. Já estamos fazendo treinamento com um morcego, que vai nos ensinar a técnica do radar de modo a perceber, com antecedência, a vinda da pata do cachorro. E você?
- Ah, eu vou bem, obrigada. Forte e sadia.

Mas as pulgonas não quiseram dar a pata a torcer, e perguntaram à pulguinha:
- Mas você não está preocupada com o futuro? Não pensou em um programa de treinamento, em uma reengenharia?
- Quem disse que não? Contratei uma lesma como consultora.
- Mas o que as lesmas têm a ver com pulgas, quiseram saber as pulgonas.
- Tudo. Eu tinha o mesmo problema que vocês duas. Mas, em vez de dizer para a lesma o que eu queria, deixei que ela avaliasse a situação e me sugerisse a melhor solução. E ela passou três dias ali, quietinha, só observando o cachorro e então ela me disse:

"Não mude nada. Apenas sente na nuca do cachorro. É o único lugar que a pata dele não alcança."

Moral da história:
Você não deve focar no problema e sim na solução.
Para ser mais eficiente é necessário estudar e analisar.
Muitas vezes, a GRANDE MUDANÇA é uma simples questão de reposicionamento, execução e praticidade.
Não queira complicar, seja prático e objetivo.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Férias - em processo

Em 2013, finalmente teremos férias novamente. Vamos para Foz do Iguaçu. Um pulinho rapidinho para ver as cataratas de perto.


A primeira parte do check-list já está feita. 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Uma canção para Luciana

Meu nome foi escolhido por causa de uma música que fez muito sucesso na década de 1970. Não gosto daquela música, acho a melodia triste e a letra pouco interessante. Porém, outro dia descobri sem querer que Vinicius de Morais também tem uma música com o meu nome.


Olha que o amor, Luciana
É como a flor, Luciana
Olhos que vivem sorrindo
Riso tão lindo
Canção de paz

Olha que o amor, Luciana
É como a flor que não dura demais
Embriagador
Mas também traz muita dor, Luciana

A canção pode ser ouvida no site oficial do poetinha http://www.viniciusdemoraes.com.br/site/article.php3?id_article=1147. Por isso, oficialmente, essa é a minha música.

Meias


Depois de finalmente investir no visual da casa, agora é hora de voltar a cuidar de mim mesma. E eu, definitivamente, preciso comprar meias...


sábado, 10 de novembro de 2012

Um Método Perigoso

Acabamos de assistir "Um Método Perigoso", dirigido por David Cronenberg. O filme romanceia fatos e mostra como a relação entre Sigmund Freud e Carl Jung  fez nascer a psicanálise. Minhas impressões:

  • É um grande filme, com belíssima direção de arte, figurino e reconstituição de época - se bem que filmar em Viena não deve ser mesmo tão difícil - e com elenco masculino estrelado.
  • É o mais fácil e digerível longa do Cronenberg que já vi. E eu particularmente prefiro quando o diretor canadense pesa a mão e produz obras como "Senhores do Crime" (2007), "Marcas da Violência"  (2005) e "Spider - Desafie sua Mente" (2002), além do inesquecível "Mistérios e Paixões" (1991), que vi no Cine Humberto Mauro na década de 1990 e até hoje me causa arrepios.


  • Os três principais atores do filme têm atuações notáveis, mas Viggo Mortensen (que fica sempre melhor quando está de barba) destaca-se com uma performance impressionante e impecável, que lhe valeu a indicação ao Globo de Ouro como Melhor Ator Coadjuvante (2011).
  • O longa conta ainda com  participação especial luxuosa de Vicent Cassel, que tem um papel curto, mas marcante. O ator até parece um bocado mais novo por estar de barba. Deu para imaginar o que a maravilhosa Monica Bellucci deve ter visto nele.

  • Por fim, continuo não vendo graça nenhuma nas atuações da Keira Knightley. Os ataques histéricos do começo do filme parecem forçados, irreais. Para mim, a atriz inglesa é uma versão feminina do insosso Tobey Maguire. Eu teria gostado mais do filme se o espaço da Keira e sua personagem tivesse sido menor, e a relação Freud-Jung fosse mais explorada.